Com apenas oito páginas, programa de Crivella em 2016 não citava chuvas

Atual prefeito foi o único dentre os três mais votados que deixou o tema de lado no documento

PUBLICIDADE

Por Caio Sartori
Atualização:

O programa de governo do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), foi o único dentre os três mais votados na eleição carioca de 2016 que não citou a palavra "chuvas". Com apenas oito páginas, o documento chegou a ser criticado nos debates por ser pequeno e genérico. 

O programa do segundo colocado no pleito, o hoje deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), tinha 67 páginas. O do terceiro, o também deputado Pedro Paulo (hoje no DEM, antes no MDB), contava com 110. Ambos citavam as chuvas que historicamente assolam a cidade e provocam danos e mortes - até a tarde desta terça-feira, 9, sete pessoas morreram por causa dos temporais de ontem

O Rio de Janeiroentrou em estágio de atenção às 18h35 e às 20h55 passou para o estágio de crise -o mais grave de três níveis de risco, segundo a escala usada pela Prefeitura Foto: Mauro Pimentel / AFP

PUBLICIDADE

No de Freixo, por exemplo, um parágrafo determinava que, caso o candidato fosse eleito, estabeleceria metas para ampliar as taxas de permeabilidade do solo, "com intuito de evitar as enchentes e inundações em período de cheia e de chuvas fortes."

Já o de Pedro Paulo elencava seis medidas para conter a situação caótica em que o Rio costuma ficar após tempestades, a fim de "dotar a cidade de estruturas de drenagem que reduzam o impacto dos eventos chuvosos ao patrimônio, à segurança individual do cidadão, à circulação de bens e serviços e à mobilidade urbana."

Crivella venceu as eleições no segundo turno contra Freixo por 59,3% a 40,6% dos votos válidos. 

Ao comentar os danos materiais e as mortes decorrentes da chuva desta segunda-feira, Crivella atribuiu o problema ao histórico de negligência na cidade e até à falta de investimentos do governo federal. 

O mais recente episódio de tragédias em consequência de chuva só agrava a situação do prefeito, que enfrenta um processo de impeachment na Câmara Municipal. Atualmente, três vereadores elaboram um parecer (favorável ou contrário ao processo) que será votado pelos parlamentares. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.